Título: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
Título Original: The Ballad of Songbirds and Snakes
Autora: Suzanne Collins
Editora: Rocco
Ano: 2020
Páginas: 576
Nota: ✰✰✰
Inicio essa resenha me questionando: como falar de um livro que eu gostei e desgostei ao mesmo tempo? Como falar de um livro que fez meus sentimentos se confundirem tanto? Bom, desde ano passado, quando vi o anúncio de que a Collins lançaria um livro sequência de Jogos Vorazes, coloquei este livro na minha lista de espera. Esse ano, esse foi o primeiro livro que comprei de verdade e li com vontade - inclusive deixei outro livro de lado na metade para começar ele.
Bom, para quem não sabe a história, esse livro conta sobre a juventude do Coriolanus Snow, conhecido como Presidente Snow na trilogia THG. Com 18 anos, o jovem Snow aguarda seu momento de glória: ser mentor da 10ª edição dos Jogos Vorazes. O que ele não esperava era que seria mentor da garota do distrito 12. Assim que foi anunciado, ele já detestou e se sentiu prejudicado. Entretanto, ele era um Snow! Devia honrar o nome e nunca demonstrar fraqueza perante outras pessoas. Fingiu que adorou, levantou a cabeça, deu a volta por cima e enfrentou seus desafios. Enquanto ele se esforçava para criar laços com seu tributo, acabou se envolvendo até demais. E é a partir desse ponto, que tudo começa a se complicar cada vez mais nessa trama de quase 600 páginas.
Apesar de muito ansiosa, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes não foi um livro que fez eu me emocionar ou sentir qualquer tipo de emoção. Em muitas partes, cheguei a sentir tédio. O livro é muito grande e traz detalhes muito insignificantes, como detalhes de todos os alimentos que ele comeu ou deu pra Lucy (sua tributo) e tantas outras coisas inúteis. Acho que se a autora tivesse retirado toda essa enrolação, o livro teria apenas umas 400 páginas - e olhe lá!
Outro ponto a ser comentado e uma das coisas que mais senti diferença deste livro para o clássico Jogos Vorazes foi a narração. Enquanto Katniss conta sua própria história, neste novo livro vemos a vida de Coryo, como é carinhosamente chamado pela prima, sendo narrada em 3ª pessoa, o que afastou um pouco o personagem. Ainda assim, conseguimos ler muitos dos pensamentos do jovem presidente e identificar seus sentimentos. Acho que esse afastamento me fez perder um pouco a empatia pelo Snow, não que eu tivesse alguma, óbvio, porque ele é um ser humano horrível (na trilogia). Acredito que a autora tentou nos fazer sentir simpatia por ele, mas não sei se conseguiu. Durante toda a saga, eu me questionei várias e várias vezes sobre como poderia haver preocupação e amor no coração endurecido do presidente. Questionei o que teria acontecido para que ele tivesse se tornado alguém tão ruim. Ou seja, já li com um pé atrás, pois já sabia que coisa boa não viria do Coryo. Durante toda a leitura, achei que, em algum momento, haveria algo que tivesse transformado o Coriolanus, um ser com poucos sentimentos, em Snow, um ser sem coração. Mas não houve. Ele nasceu amargurado assim e ponto final. Confesso que esperava algo a mais.
Outra coisa que me cutucou no decorrer da leitura foi a inclinação do Coriolanus à rebeldia. Em vários pontos, ele parecia se importar com os Jogos Vorazes e com a saúde dos tributos. Acredito que a Collins só colocou essas nuances para que a gente questionasse o caráter dele, como se ele pudesse ser qualquer outra coisa além de mau. Mas, apesar de ter tido essa impressão várias vezes ao decorrer do livro, posso afirmar com certeza absoluta que ele só estava preocupado com sua vitória e sua imagem. Nunca vi serzinho mais desprezível.
Eu realmente A-DO-REI conhecer e entender todas as referências de músicas, falas e acontecimentos que remetem ao mundo original de Jogos Vorazes. Significado da música da árvore-forca, como surgiu alguns procedimentos dos Jogos, ver referencias ao nome da própria protagonista de Jogos Vorazes antes mesmo dela sequer existir... Mas, ao mesmo tempo em que adorei, achei um pouco forçado, como se a intenção da Collins fosse exatamente essa: explicar cada detalhe da trilogia, e não contar realmente sobre a história do Snow. Talvez teria sido mais interessante se só algumas referências fossem mencionadas, ou então, se a autora fizesse um livro especialmente para contar sobre outras curiosidades.
Para mim, esse livro só serviu para nos mostrar e reafirmar o poder da Capital que perdurou por mais de 75 anos ao usar os Jogos como uma forma de ter controle sobre os distritos. Além também de reforçar que Snow é e sempre foi um tirano, se preocupando só com seu poder, aproveitando-se e manipulando qualquer pessoa que chegasse perto.
Mesmo tendo criticado bastante o livro aqui rsrs, dei três estrelas e não consegui dar menos, pois, querendo ou não, esse livro faz parte da história de Jogos Vorazes e ganhou meu coração simplesmente por isso (sou fã a esse ponto hahaha). Enfim, essa foi a minha opinião sobre esse livro que foi tão esperado por todos os fãs da trilogia. Vocês já leram? O que acharam? Deixem a opinião de vocês por aqui, vou adorar conhecer!