[Resenha] Para Continuar

By Do Prefácio ao Epílogo - domingo, setembro 20, 2015

Título: Para Continuar
Autor: Felipe Colbert
Editora: Novas Páginas (Novo Conceito
Ano: 2015
Páginas: 224
Nota: 


"Esse não é o presente ideal para uma garota, eu diria até que beira o desastre. Mas ao observar outra vez o senhor que está próximo de nós, ele me remete ao avô de Ayako. E penso que talvez seja uma boa levar algo para ele, não para ela. É claro que eu adoraria encher aquela deusa japonesa de mimos (se eu não tivesse um cartão de crédito superlimitado, óbvio), mas já diz o ditado que é pelas beiradas que se come (a colocação soa péssima, mas juro que a intenção é boa) e, com esse pensamento, pago pelo objeto e a mulher o coloca numa sacola da loja."


Está escrito na capa do livro e no marcador de páginas: "Quando o amor acontece, uma luz se acende". Em algum lugar subterrâneo no bairro japonês da minha cidade, ou no meu bairro, ou no bairro da Liberdade em SP, ou em qualquer lugar do mundo, uma lâmpada se acendeu com o ideograma meu e desse livro, porque certamente, o amor ocorreu entre nós dois.

Maneki Neko

Confesso que no início, quando vi o lançamento desse livro, não me interessei muito, pois não sou muito fã da cultura oriental (apesar de ter um parzinho de maneki neko no meu quarto). Porém, quando chegou esse livro de parceria, autografado pelo Felipe Colbert, peguei-o para mim e com certeza, foi o destino agindo! Porque Para Continuar, foi uma das histórias mais lindas e tocantes que li nesse ano e está na minha listinha de favoritos e imagino que nunca vai sair.


   A história, narrada em primeira e terceira pessoa - dependendo da parte em que você está - se passa em São Paulo, e conta a história do jovem Leonardo César que devido a um problema cardíaco que não o permite fazer muito esforço, utiliza o metrô para ir até sua faculdade todos os dias. E é em um dia normal como esse que Leo vê uma jovem japonesa linda dentro do vagão. Tenta contato, mas sem muito sucesso. Todos os dias, então, ele pega o mesmo vagão pra ver se encontra-a novamente, até que um dia ele a vê e segue-a até o bairro da Liberdade, onde ela entra numa pequenina loja de luminárias. No dia seguinte, Leo volta a loja e finalmente conversa com ela: seu nome é Ayako, e ela trabalha ali naquela simples lojinha de luminárias (que esconde um segredo bem misterioso em seu porão).
   Em algum momento de sua conversa com ela, Ho, um rapaz chinês com a estatura parecida com a de Leo, que é um "parente" de Ayako, entra na loja e vê os dois conversando. Ho não é um rapaz normal, ele tem algum problema mental que o faz ser ingênuo e agir igual uma criança. Desconcertado e apaixonado por Ayako, Ho meio que surta, querendo protegê-la do estranho na loja. Ayako pede para Leo nunca mais voltar, mas não será fácil, pois ele está (muito) afim dela e não pretende desistir, mesmo Ho estando no meio do caminho deles. 
   E é assim que começa a história de Leo e Ayako...

 
   Com muito amor, mistério, fantasia e um humor (que chegou a fazer eu rir dentro de um ônibus, e todo mundo olhar pra mim como se fosse uma louca), Felipe Colbert escreveu um dos melhores livros que já li esse ano, e o melhor livro brasileiro de todos os tempos. Ele escreveu um romance tão doce, suave e gostoso que eu li esse livro em dois dias. É um livro bem leve com 36 capítulos bem curtinhos, e tão saborosos de serem lidos que nem dá vontade de parar de ler. 
   Adorei conhecer um pouco mais da cultura oriental, que é bem ressaltada no livro por motivos óbvios. Além do Felipe explicar várias curiosidades sobre a cultura japonesa, ele também conta mais sobre a doença que Leo é acometido, e curiosidades como por exemplo que as conchas do mar não fazem o barulho do mar, elas só são um eco do mar que está a sua volta; se você levar a concha pra longe do mar, não vai ouvir nada. Só fui uma vez na praia, então me senti um pouco decepcionada com isso, porque eu realmente não fazia ideia que era só um eco. Esse livro não traz só uma histórinha de amor e fantasia, ele também nos traz conhecimento. Imagino que esse livro tenha dado muito trabalho pra ser escrito, exigido muitas pesquisas e conhecimento que eu jamais seria capaz de colocar em um livro meu, por isso acho que o Colbert tem que receber muito o reconhecimento, por ter feito uma obra muito bem escrita e toda amarradinha, sem ficar uma pontinha de desfecho faltando.
   Falando nisso, o final foi extremamente surpreendente. NUNCA, em hipótese nenhuma, imaginaria aquele fim. Cheguei a chorar por precipitação, achando que ia acabar tendo um outro fim... Esse superou o melhor final de todos os finais do mundo! Esse livro é muito amor!


   Amei mais ainda ele ter se passado no bairro da Liberdade, porque no dia seguinte ao qual eu fui na Bienal do Livro em SP ano passado, meu pai me levou pra conhecer esse bairro (e eu fui de metrô, onde andei pela primeira vez, me emocionei). Esse foi o primeiro livro que eu li que se passou num lugar que eu já fui! Não sei qual é a rua Conde de Sarzedas (pesquisei no Google Maps agora pra matar a curiosidade enquanto escrevo a resenha), mas busquei na memória todas aquelas pequenas lojinhas que eu entrei no ano passado abarrotadas de coisas orientais, as barraquinhas da feirinha da Liberdade perto da saída da estação da Liberdade, a Capela de Santa Cruz das Almas dos Enforcados (não, não é citada no livro) e me senti lá dentro da história. 
   Ano que vem, quando eu for pra Bienal em SP de novo, vai ser uma meta minha ir nessa rua e comprar uma lâmpada oriental que não sei o nome, feito de papel de seda e arame ou bambu, pra colocar no meu quarto! E também quero ir no Parque do Ibirapuera, no Pavilhão Japonês, olhar as carpas e imaginar que ali aconteceu uma das melhores cenas do livro.
   Eu falei no início da resenha que houve amor entre eu e esse livro, pois agora vocês viram que é verdade. Espero que você leiam o livro e também amem-o. Espero que luzes se acendam quando vocês sentirem todo o amor que esse livro nos passa, e que passem esse amor às pessoas a sua volta!

Espero que tenham gostado da resenha pequenininha que eu fiz hehe. Quando lerem ou se já leram, deixe a sua opinião do livro aqui nos comentários! Beijos, e até a próxima! 


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